Disrupção Contábil é a pauta do momento
Das várias escolhas que fazemos na vida, uma em especial tem grande potencial de nos tornar pessoas felizes ou infelizes, estou falando da escolha profissional.
Você novamente escolheria a Contabilidade como profissão?
Constituiu uma família? Casou-se com um(a) Contador(a), colega de faculdade ou de profissão? Seguiu a profissão dos pais e herdou o empreendimento contábil da família?
O mundo contábil está recheado de histórias de encontros, reencontros, amizades, romances protagonizados por ela, a Contabilidade.
Costumo fazer uma reflexão: “Nós não escolhemos a Contabilidade, ela é que nos escolhe.” Nós só temos que decidir o caminho a seguir diante das múltiplas possibilidades de segmentos de atuação proporcionados pela Ciência Contábil.
Numa analogia ao método das partidas dobradas, que nos remete a lei universal de causa e efeito, ação e reação, proponho uma reflexão sobre o balanço de nossas conquistas como profissão.
No ativo registramos nossa evolução e capacidade de adaptabilidade a mudanças, em contrapartida de um modelo fiscal e tributário que insiste em nos punir severamente com obrigações acessórias e multas desproporcionais às entregas efetuadas.
Se por um lado, estudamos continuamente e aprendemos rápido as novas demandas, por outro, somos testados nos limites de nossa capacidade e temos demonstrado que estamos preparados intelectual, técnica e tecnologicamente.
Vários desafios nos são impostos simultaneamente. Não bastasse o fato de termos de nos adaptar a uma complexa implantação do eSocial e de ICMS ST, precisamos lidar com o fechamento de escritórios da Junta Comercial e da Secretaria da Fazenda no interior do Estado, causando transtornos aos profissionais, num momento de transição para os novos modelos digitais. Na mesma linha, a Receita Federal do Brasil, nosso cliente mais fiel, por vezes nos impõe desafios extremos de alterações constantes na legislação, desacompanhada da adaptação e estabilidade necessária dos programas, gerando insegurança técnica e jurídica.
Esse passivo tem onerado o profissional contábil e não pode ser ignorado.
Praticamos a resiliência, seguimos em frente, estimulados pela consciência de que ao cumprir nossa missão profissional estamos também desenvolvendo ação social.
E os resultados já podem ser percebidos na mesma velocidade em que são produzidos. A última campanha, na qual a classe contábil esteve diretamente envolvida para conscientização dos contribuintes na destinação dos 3% do Imposto de Renda para o Fundo da Criança e do Adolescente, obtivemos no Estado do Rio Grande do Sul um incremento significativo de 42,9% em relação aos valores de 2018, atingindo a soma de R$ 13.819.156,00 em 2019, a melhor arrecadação em nível nacional segundo dados da Receita Federal do Brasil. Podemos e devemos nos engajar em campanhas que visam melhorar a sociedade em que vivemos.
Seja qual for o segmento que você atua, ostente o orgulho de pertencer a uma das profissões que mais contribui para o crescimento e desenvolvimento do País.
Ao exercermos eticamente nossa profissão, garantimos ao Estado a arrecadação efetiva dos tributos.
É pelo trabalho dos milhares de Contadores e Técnicos em Contabilidade do nosso País, para ser mais exata, 517.499 profissionais e 67.725 empresas, que os cofres públicos arrecadam os tributos que deveriam ser, corretamente, direcionados para o atendimento das nossas necessidades básicas de saúde, segurança e educação, prioritariamente. Mas, tem um problema nessa equação. Trabalhamos tecnicamente na mensuração dos valores, porém não somos chamados para decidir como aplicar os recursos, pois enquanto estamos ocupados tentando decifrar mais uma instrução normativa, lei, decreto ou resolução, não estamos nos preparando para ocupar espaços políticos no Legislativo ou no Executivo.
Com seriedade e rigor técnico ajudamos a combater a sonegação e reduzimos os riscos empresariais. A Contabilidade é uma eficaz ferramenta contra as fraudes e se consolida num momento em que se discute e se tenta resgatar a ética e a credibilidade no ambiente de negócios para melhorar o “Doing Business“.
Com informações precisas e seguras garantimos o surgimento e a continuidade de empreendimentos que geram emprego e renda para a economia municipal, estadual e federal. Merecemos ser tratados com mais consideração pelos órgãos públicos. Necessitamos estar na vanguarda dos acontecimentos no ambiente político e empresarial para que possamos influenciar e protagonizar.
Ao agirmos com responsabilidade socioambiental, não só atuamos dentro das melhores práticas de gestão socialmente responsável, como também influenciamos, com nossa capilaridade, toda a cadeia produtiva de clientes e fornecedores. Vivemos em um mercado altamente interconectado e não podemos negligenciar o poder que as boas atitudes têm de impactar positivamente novas posturas organizacionais.
Precisamos estar constantemente atualizados, isso é uma exigência! Nesse sentido, lembro que, este ano, temos a XVII Convenção de Contabilidade do RS, de 14 a 16 de agosto, na Fundaparque, em Bento Gonçalves, com o tema central “Disrupção Digital: Técnica, Digital e Cultural”, aliás nada mais desafiador para a profissão contábil, atualmente. Precisamos traçar nossas metas de futuro e expectativas de sobrevivermos em um mercado, cada vez mais, competitivo, mas que, ao mesmo tempo e paradoxalmente, apresenta soluções que ajudam a redefinir custos, repensar processos, readequar estruturas, plataformas integradas e uso de inteligência artificial.
A XVII Convenção de Contabilidade vai propor discussões e simulações sobre o futuro que nos aguarda e sobre como nós, profissionais da contabilidade, podemos ser tão disruptivos quantos forem os desafios que vamos ter que encarar. Sem medo, bem equipados, com conhecimento, domínio tecnológico e vontade de liderar a transformação.
Mudanças e novidades não faltam no nosso cotidiano. Portanto, é importante a participação de profissionais e estudantes no maior evento da classe contábil gaúcha, que reserva surpresas e promete ser inusitado.
Ao final dessa reflexão, concluo que nosso balanço ainda é positivo e merece ser comemorado, mas não podemos esgotar nossas reservas contabilizadas no patrimônio líquido. Manifesto meu orgulho em presidir o Conselho Regional de Contabilidade do Rio Grande do Sul em um momento em que vivenciamos tantas inovações. Somos conscientes que uma atuação proativa das lideranças contábeis pode reverter em benefícios para a classe rentabilizados em dividendos.
Colegas, continuemos fazendo a nossa parte, atuando com eficiência, ética e profissionalismo, reafirmando, a cada dia, o orgulho de ter escolhido a Contabilidade como profissão.